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O Exercício Físico é a principal estratégia não farmacológica no tratamento da fibromialgia

A fibromialgia é uma patologia crônica e complexa que causa dores musculares generalizadas que podem se tornar incapacitantes, associadas à falta de repouso noturno, fadiga e que afeta as esferas biológica, psicológica e social dos pacientes. Além disso, sua alta prevalência faz dela um grande problema de saúde. A dificuldade acrescida implica que seus critérios diagnósticos sejam apenas clínicos e que sua etiopatogenia ainda não tenha sido esclarecida, o que dificulta ainda mais seu estudo e, evidentemente, sua abordagem terapêutica.

Atualmente, a etiologia e os mecanismos patogênicos precisos que atuam nela não são conhecidos, no entanto, as evidências apontam para um modelo integrador que compreendem várias teorias incluindo destaque uma base genética, disfunção do sistema nervoso autônomo ou alterações no processamento da dor central e que vários mecanismos adicionais poderiam estar envolvidos.

Em 1992, a fibromialgia foi reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) com o código M79 e inserida no Manual de Classificação Internacional de Doenças (CID-10). Em 1999, Simon Wessely incluíram a doença na lista de síndromes somáticas funcionais, já que os pacientes apresentavam sintomas somáticos e angústia emocional, todos com uma série de elementos comuns (MEDEIROS et al., 2012).

Existem diferentes formas de tratamentos para a fibromialgia, sendo que a maioria dos relatos de caso apontam para resultados positivos. A maioria dos pacientes com fibromialgia são sedentários e tem uma capacidade física abaixo da média, um fato que é aumentado pela dor, fadiga ou depressão que geralmente incidem sobre os mesmos. Essas situações limitam as atividades do cotidiano dos pacientes e afetam muitos aspectos de sua qualidade de vida, como o trabalho ou situação familiar. No entanto, embora as opções terapêuticas sejam múltiplas, o tratamento ideal para a fibromialgia ainda é desconhecido devido à heterogeneidade dos pacientes. Numerosos guias baseados em evidências científicas avaliaram uma ampla gama de terapias farmacológicas e não farmacológicas. Embora tais tratamentos estejam sendo testados, as limitações funcionais diminuem a qualidade de vida desses pacientes, sugerindo que as intervenções não farmacológicas têm um efeito significativamente maior do que aqueles com medicamentos (REBUTINI et al., 2013).

Nesse sentido, o exercício físico é considerado como a principal estratégia não farmacológica no tratamento da fibromialgia. O número de estudos publicados, particularmente ensaios clínicos randomizados, tem aumentado constantemente nos últimos dez anos. Apesar disso, muitas questões clinicamente relevantes para a prática permanecem sem solução em relação ao método de treinamento físico mais eficaz a ser aplicado no manejo desses pacientes.

Esse tipo de programa tem como principal objetivo evitar o círculo vicioso entre dor, distúrbios psicológicos e inatividade comum nessa síndrome. Enquanto a subjacente fadiga, dor ou depressão podem contribuir para estilos de vida sedentários, vários estudos têm demonstrado que as mulheres com fibromialgia são capazes de realizar exercício aeróbico de intensidade moderada, exercícios de fortalecimento e flexibilidade. No entanto, para que este exercício seja eficaz, ele deve ser cuidadosamente prescrito e controlado. A intensidade do exercício deve ser tal que possa resultar em efeitos positivos de treinamento, mas não tão altos a ponto de aumentar os sintomas. Fazer com que pacientes com fibromialgia iniciem e mantenham um programa de exercícios físicos continua sendo um desafio (PROVENZA, 2004).

Algumas recomendações baseadas na evidência e opinião de especialistas em fibromialgia sugerem a inclusão de treinamento aeróbico, fortalecimento muscular e flexibilidade, individualmente ou em combinação, em todos os programas de exercícios dirigidos a esse grupo de pessoas (PEDERSEN e SALTIN, 2006).

A maioria das pesquisas demonstram que a atividade física é uma grande aliada no tratamento da fibromialgia, levando a melhorias sintomáticas e nas condições físicas desses pacientes. Assim, recomenda-se a utilização de exercícios físicos com uma abordagem multidisciplinar e individual, com programas que atendam os diferentes níveis de agravo da doença.

De maneira geral, a prescrição é que as atividades iniciais sejam de baixa intensidade e curta duração, aumentando progressivamente ambos os parâmetros de acordo com a evolução do paciente.

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