É conhecido pelo nome de iniciação esportiva o período em que a criança começa a aprender de forma específica a prática de um ou mais esportes. A iniciação esportiva é entendida como o processo de ensino-aprendizagem por meio do qual o indivíduo adquire e desenvolve as técnicas básicas do esporte.
Nesse período, os professores devem tomar decisões quanto ao conteúdo de aprendizagem e plano de ensino, metodologia ou avaliação, adaptando-os à abordagem de ensino que consideram mais adequada para alcançar a aprendizagem desejada. Uma das habilidades básicas dos professores de educação física é o planejamento da iniciação e treinamento desportivo (VERARDI e DE MARCO, 2008).
Porém, devido às variações do desenvolvimento na maturação criança para criança, é impossível especificar uma idade para cada esporte, isso vem com o uso da observação e do bom senso (ALMEIDA e DE SOUZA, 2015).
É muito importante escolher a atividade adequada levando em consideração a idade, condição física, estágio de desenvolvimento neuropsicomotor e nível de interesse da criança. Porém, antes de se introduzir no ensino técnico dos fundamentos, é necessário trabalhar a técnica geral de condução do esporte, a fim de preparar seus praticantes para um desenvolvimento produtivo de suas habilidades. Portanto, a iniciação esportiva pode ser o primeiro passo na vida esportiva de um futuro atleta e de suma importância a sua compreensão para um futuro professor de educação física (BETTEGA, et al., 2015).
A partir disso a iniciação esportiva associado ao levantamento de peso deve caminhar lado a lado. Existe uma grande quantidade de evidências científicas que aprovam a utilização do levantamento de peso como meio de treinamento e desenvolvimento motor de crianças, é claro que os programas, seu desenho e supervisão devem ser realizados por especialistas de primeira ordem, não podemos deixar o planejamento do treinamento resistido nas mãos de “treinadores inexperientes”. A orientação do uso do levantamento de peso em crianças deve ser sempre como meio de desenvolvimento motor, nas qualidades de velocidade, coordenação, agilidade, flexibilidade e resistência, deve ser utilizada também para aspectos de socialização em grupo e como contribuição de uma cultura física básica que eles podem levar para a vida adulta, mesmo que não ganhem peso mais tarde (RAMOS e NEVES, 2008).
Treinadores e cientistas do esporte estão chegando à conclusão de que não é negativo conduzir o jovem atleta à alta competição. Mas, para que isso seja realmente cumprido, uma série de regras biológicas também devem ser atendidas, sem as quais o objetivo proposto pode ser quebrado. Respeito pelo desenvolvimento ontogenético do atleta, saúde mental e física e respeito pelos princípios do treinamento. Se alguma dessas considerações não for levada em consideração, o atleta não será capaz de atingir seu potencial máximo ou, pelo menos no melhor dos casos, não suportará as pressões físicas e psicológicas que o treinamento e as habilidades exigem e ocorrerá uma aposentadoria precoce (GREGÓRIO e DA SILVA, 2014).
Em relatórios de pesquisas recentes sobre lesões em crianças de 7 a 12 anos, foi relatado que o treinamento com pesos era mais seguro em relação à incidência de lesões em outros esportes (BELTRAME e SAMPAIO, 2015).
A recomendação de que o treinamento resistido pode ser permitido para crianças, desde que o orientador seja um profissional especializado (DA SILVA, et al., 2017). O profissional especializado em levantamento de peso deve ter em sua trajetória profissional com experiências na modalidade de levantamento de peso tanto como praticante quanto como treinador, uma base acadêmica atualizada nas diferentes ciências que se aplicam ao esporte e um conhecimento adequado da biologia humana para analisar a ontogênese a motricidade do atleta e a concepção adequada do treino e dos seus processos, aliados a tudo isto uma metodologia e pedagogia coerentes e um profundo sentido de profissionalismo (PÍFFERO e VALENTINI, 2010).
O levantamento de peso como sabemos é um esporte de força, mas existem muitas variantes de força ou classificações, o levantamento de peso é um esporte de força explosiva, requer uma técnica muito eficaz para sua execução e nisso reside a diferença do nosso esporte com os demais esportes. Força, desenvolvimento neuromuscular, flexibilidade. Basta ver um arranco ou um arranco e arremesso para perceber isso. Por isso é que o levantador de peso começa muito cedo, não a levantar, mas a aprender a técnica do levantamento, com pesos muito leves que vão desde uma barra de madeira a uma barra de 1, 2, 3 ou 5 quilos de acordo com a idade da criança. A coordenação intermuscular desempenha um papel importante no levantamento de peso. Os levantamentos de peso são biomecanicamente perfeitos e harmônicos (GRECO, 2012).
Programas de condicionamento físico para crianças são recomendados e devem ser incentivados. As autoridades de educação e saúde pública devem considerar a forma física das crianças dentro de suas competências de funções. As crianças têm uma necessidade natural de atividade física, jogos, exercícios e esportes proporcionam uma maneira natural para crianças e jovens atingirem a aptidão física adequada (GREGÓRIO e DA SILVA, 2014).
A concepção de uma formação orientada para o Alto Desempenho está sujeita a um grande número de influências biológicas e pedagógicas. Os volumes e intensidades cada vez maiores do treinamento esportivo, que levarão a um ótimo desempenho após um longo período de desenvolvimento, devem ser planejados cientificamente.
Uma primeira etapa é o processo de seleção de talentos esportivos, nada mais frustrante é que uma criança que não possui habilidades específicas em algum esporte é solicitada pelo técnico a realizar movimentos para os quais a criança tem grande dificuldade (MASSA, et al., 2014).
O segundo passo é o controle médico inicial, se toda criança fizer um exame médico especializado, por um lado, vamos garantir o acesso ao levantamento de peso às crianças sem riscos para a saúde. Ao mesmo tempo, é necessária supervisão médica cuidadosa e contínua para todos eles durante a preparação.
A terceira etapa, aqui o treinador tem uma responsabilidade pedagógica para com o presente e o futuro das crianças que lhe são confiadas. Você deve ter conhecimento dos problemas biológicos, físicos e sociais especiais relacionados ao desenvolvimento da criança e estar em condições de aplicar esse conhecimento no desenho e dosagem de cada um dos exercícios individuais (CABRAL, et al., 2013).
RECOMENDAÇÕES A PRESCRIÇÃO DO TREINAMENTO DE FORÇA
O treinador deve identificar em tempo hábil as particularidades de cada criança e suas oportunidades de desenvolvimento, e mantê-las em mente como critérios essenciais que regem a organização dos programas de treinamento. O conteúdo e os métodos de treinamento devem ser adequados para as crianças, e a diversidade de movimentos e a preparação física geral devem ter precedência sobre a especialização, que vem depois (SILVA, GALATTI e PAES, 2010).
De 6 a 9 anos: Treinamento voltado para uma coordenação de movimentos e gestos relacionados ao Halterofilismo, para influenciar o uso de meios gerais, em maior volume, para a aprendizagem. É aconselhável trabalhar com seu próprio peso corporal. Influencie a estimulação de grandes músculos. Nesta fase, deve-se iniciar o trabalho direcionado da força, para o tipo de contração rápida-explosiva ou resistente, de modo a não produzir transferência negativa no desenvolvimento das fibras musculares. 9 a 12 anos: Dado que a criança está no melhor estágio para aprender os gestos e aperfeiçoá-los, será nesse momento que aprenderá a técnica dos movimentos olímpicos. Por ser o momento ideal para a aquisição da técnica, ela deve ser introduzida no início do manuseio dos pesos embora com cargas muito leves com a barra apenas com o objetivo de evitar lesões em fases posteriores ao se iniciar o trabalho com grandes cargas (FERREIRA, SILVA e JUNIOR, 2018).
Não há exigência de idade mínima para participação, embora as crianças devam ser capazes de seguir as instruções e demonstrar equilíbrio e propriocepção adequados. Antes de iniciar um programa, as crianças devem fazer um exame físico antes da participação por um profissional médico qualificado. O exame de triagem é necessário porque algumas crianças não devem participar por motivos médicos (GUY e MICHELI, 2001).
Os programas de treinamento com pesos devem ser individualizados com base na idade, maturidade e metas e objetivos pessoais. Cada sessão de treinamento deve incluir um aquecimento de 5 a 10 minutos e um resfriamento de 5 a 10 minutos. As atividades de aquecimento ajudam a aumentar a temperatura corporal e o fluxo sanguíneo (isto é, para a musculatura), enquanto as atividades de resfriamento ajudam a manter o fluxo sanguíneo para melhorar a recuperação e a flexibilidade. Os programas que incorporam um componente aeróbio são mais benéficos porque melhoram o condicionamento cardiovascular geral e estimulam o aumento do metabolismo (SUGIMOTO et al., 2017).
Quando uma criança ou adolescente está aprendendo um novo exercício, ele pode usar repetições sem carga, que colocam o foco na forma e na técnica. Para desenvolver a força e promover a flexibilidade de maneira adequada, os exercícios devem ser realizados em toda a amplitude do movimento articular, realizando exercícios para músculos maiores antes dos exercícios para músculos menores. Além disso, os exercícios complexos são geralmente feitos antes dos exercícios simples e os multiarticulares, antes dos uniarticulares. Em resumo, começar grande e terminar pequeno é uma boa diretriz para o treinamento (WESTCOTT e FAIGENBAUM, 2003).
Em geral, crianças e adolescentes devem usar cargas submáximas para desenvolver a forma e a técnica em uma variedade de exercícios. Levantamentos máximos únicos não são recomendados até que a maturidade esquelética seja atingida, embora estudos de testes de repetição única não tenham relatado lesões em crianças saudáveis com supervisão adequada de crianças máquinas de musculação de tamanho. O ideal é que os programas de treinamento de força juvenil incorporem uma variedade de tipos de resistência: pesos livres, aparelhos de musculação, tubos de borracha. Pesos livres e aparelhos de musculação representam desafios únicos para crianças e adolescentes porque geralmente são do tamanho de um adulto. Equilíbrio e coordenação são subdesenvolvidos em pré-adolescentes, o que aumenta sua suscetibilidade a lesões durante o uso de pesos livres (FAIGENBAUM, 2000).
No entanto, os pesos livres permitem aumentos incrementais na resistência (5% a 10%). As máquinas de musculação geralmente exigem aumentos de peso maiores (placas de peso de 2 ou 5 Kilos), o que pode ser inapropriado para atletas jovens. Além disso, os braços de alavanca em aparelhos de musculação podem não ser dimensionados corretamente para crianças pequenas. A principal vantagem dos aparelhos de musculação, se forem dimensionados apropriadamente, é que podem não exigir balança ou um observador. O jovem atleta deve ajustar o equipamento adequadamente e ser ensinado as habilidades e técnicas para realizar cada exercício corretamente (HILDERLEY, et al., 2020).
Para cada sessão de treinamento, 6 a 8 exercícios são recomendados para treinar os principais grupos musculares (incluindo tórax, ombros, costas, braços, pernas, abdômen e parte inferior das costas). O esforço equilibrado entre flexores e extensores e entre parte superior e inferior do corpo é importante. O objetivo é realizar 2 a 3 exercícios por grupo muscular. Os programas de treinamento de força juvenil devem começar com 1 a 2 séries por exercício, com 6 a 15 repetições em cada série. Para crianças e adolescentes, a carga inicial deve ser selecionada de modo que 10 a 15 repetições possam ser concluídas com alguma fadiga, mas sem falha muscular. Em geral, a resistência pode ser aumentada em 5% a 10% quando a criança consegue realizar facilmente 15 repetições. Se o participante não consegue completar pelo menos 10 repetições por série ou não consegue manter a forma adequada, então o peso provavelmente é muito pesado e deve ser reduzido (HILDERLEY, et al., 2020).
As crianças que realizam o treinamento de força devem descansar aproximadamente 1 a 3 minutos entre as séries e devem treinar a força de 2 a 3 dias não consecutivos por semana para obter resultados máximos. Os participantes devem ser capazes de demonstrar corretamente a técnica adequada antes de aumentar o número de séries ou resistência. Interromper um programa de treinamento de força, mesmo enquanto continua a participar de esportes, pode resultar em uma regressão da força aos níveis de pré-treinamento: uma média de 3% da força é perdida por semana depois que o treinamento de força é interrompido e o destreinamento começa, e as crianças podem até mostrar uma perda completa de ganhos de força 8 semanas após a interrupção de um regime de treinamento de força (NASCIMENTO, 2021).
Inúmeros mitos relativos ao treinamento de força em crianças merecem discussão. Um mal-entendido diz respeito ao treinamento de força e lesões da placa de crescimento. A participação em quase qualquer tipo de esporte ou atividade recreativa apresenta risco de lesões. Um programa de treinamento de força bem supervisionado não apresenta maior risco inerente do que qualquer outro esporte ou atividade juvenil. O contexto em que ocorreram essas lesões (ou seja, supervisão, técnica, uso de equipamentos) não foi registrado, o que dificulta a interpretação dos dados. Um programa de treinamento de força bem elaborado seguindo as cargas, séries e repetições recomendadas para a idade e o hábito corporal do jovem atleta não deve forçar excessivamente as placas de crescimento. Esportes como ginástica e beisebol, que envolvem impacto e torque repetitivos, apresentam maior risco de lesão epifisária (HILDERLEY, et al., 2020).
Os raros relatos de casos de fraturas da placa epifisária relacionadas ao treinamento de força são atribuídos ao uso incorreto de equipamentos, levantamento de quantidades inadequadas de peso, uso de técnica inadequada ou treinamento sem supervisão de um adulto qualificado. Esses fatores enfatizam a necessidade de profissionais de fitness treinados para ensinar a forma correta e monitorar a progressão lógica do peso. Semelhante às lesões epifisárias raras, as lesões dos tecidos moles da região lombar geralmente são o resultado de uma técnica inadequada, muito peso ou levantamentos balísticos. A maioria das lesões graves na região lombar ocorre durante o uso de pesos livres. Participar de um programa de treinamento de força supervisionado e organizado pode prevenir essas lesões9,14 enquanto influencia favoravelmente o crescimento e desenvolvimento ósseo em jovens, aumentando a densidade mineral óssea (FAIGENBAUM e MCFARLAND, 2016).
O treinamento de força em uma idade jovem pode ser benéfico, mas não é uma panaceia para lesões relacionadas ao esporte. Não há correlação direta entre o treinamento de força e a incidência ou gravidade das lesões em jovens atletas. A participação em um programa de condicionamento pode, entretanto, reduzir indiretamente o risco ou a gravidade das lesões relacionadas ao esporte. O exercício preventivo (pré-reabilitação) concentra-se no treinamento de força de grupos musculares que são submetidos ao uso excessivo em esportes específicos. Por exemplo, fortalecer o manguito rotador e os músculos escapulares pode reduzir as lesões por uso excessivo do ombro em esportes aéreos, como natação. Da mesma forma, o fortalecimento dos isquiotibiais e do quadríceps pode reduzir lesões nas extremidades inferiores em atletas de futebol. O treinamento de força também pode ajudar a manter a flexibilidade com exercícios que usam toda a amplitude de movimento (ABDELBAKY e AHMED, 2019).
Uma crença antiga de muitos médicos era que o treinamento de força não é eficaz em crianças até que elas tenham níveis significativos de testosterona circulante, que é necessária para a hipertrofia muscular. Estudos demonstraram que as crianças podem melhorar a força em 30% a 50% após apenas 8 a 12 semanas de um programa de treinamento de força bem elaborado. Em um estudo realizado por Faigenbaum et al, (2014) o treinamento de força duas vezes por semana em meninos e meninas entre as idades de 7 e 12 anos produziu ganhos de força significativos no supino torácico (versus controles da mesma idade). As crianças ganham força por meio de adaptações neurais, não de hipertrofia muscular. O treinamento de força em crianças provavelmente melhora o número e a coordenação dos neurônios motores ativados, bem como a taxa e o padrão de disparo.
Crianças pré-púberes e adolescentes pós-púberes respondem ao treinamento de força de maneira diferente; ou seja, os adolescentes são capazes de maiores ganhos absolutos devido aos níveis mais elevados de andrógenos circulantes. O treinamento físico precoce (não necessariamente o treinamento de força) produziu um aumento da área transversal da musculatura eretora da espinha, multífido e psoas, conforme documentado em estudos de ressonância magnética axial, em comparação com controles não atléticos da mesma idade. A área da secção transversal do músculo (ajustada para a massa corporal) se correlacionou diretamente com a força de flexão e extensão do tronco. Essas descobertas sugerem que apenas a participação em esportes de longo prazo pode levar a uma significativa hipertrofia muscular e ganhos de força em jovens atletas (SIMONSON, et al., 2010).
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